sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Seu nome é Sara

  Ainda ouço o mesmo estalar de dedos.
  Sinto o mesmo perfume de jasmim, e me lembro exatamente dos cabelos desarrumados, implorando por um pente.




  Sentada ao pé de uma árvore tentava se ausentar do mundo ao seu redor, não precisava compartilhar com ninguém seus sentimentos ou emoções. Ninguém entenderia, ninguém ligaria... Tão concentrada em não pensar, não reparava, que naquela mesma festa particular de pensamentos alguém haveria de notá-la. Alguém de coração ruim, de intenções aproveitadoras.
  A cor do entardecer refletido em seus olhos tinha um brilho de verão, coisa tão linda de se ver. Perdida em devaneios não sentia a pele enrugada pelo frio, e só retornava de seus "pensamentos viagens"após o quarto ou quinto grito de sua mãe para o jantar.
    Perigosos são aqueles bosques para meninas tão distraídas! 
     Sentada ao pé de uma árvore tentava se ausentar do mundo ao seu redor, não precisava compartilhar com ninguém seus sentimentos ou emoções. Ninguém entenderia, ninguém ligaria... Tão concentrada em não pensar, não reparava, que naquela mesma festa particular de pensamentos alguém haveria de notá-la. Alguém de coração podre, de pensamentos sedutores.
     O tempo é insuportável para alguém que deseja o corpo de outro alguém. A vontade cresce, e seus desejos ultrapassam os limites do certo ou errado...
      Em outra tarde não tão diferente como as outras, lá estava ela, uma menina doce, de aparência rebelde,
observando, sentada ao pé de uma árvore um certo inseto que ela julgava uma nova espécie de formiga. Inteligente, planejava, ali mesmo sentada como passaria as duas próximas horas de sua tarde, o que descobriria? para onde viajaria? ... naquele mesmo bosque.
      Sufocada por mão desesperada, a menina não pensava em gritar, sabia que não havia feito nada errado, levava aquilo como um castigo injusto. Mal entendeu quando suas roupas foram tiradas subitamente, já esperava uma surra de vara, mas a dor que sentiu foi pior. Soltou um grito medonho, que foi abafado pela mão rapidamente, a menina entendia o que ela estava sofrendo, mas não sabia o porque. Sentiu uma vibração  em cima de seu corpo, e uma sensação de dormência afetou-a. Seus olhos mal se fecharam para permitir que uma lágrima rolasse...
      A cor do entardecer refletido em seus olhos tinha a imagem cinzenta de seu padrasto. Ainda ouço o mesmo estalar de dedos.
  

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